Mas DEUS não permitiu
Testemunho confiável (e que se afirmou visual) dá conta de que nosso amigo V-P esteve, de fato, na Igreja da Rue du Bac, em Paris, ali rezando por amigos e alunos. Diligenciou V-P que de lá, em mãos, seu Cellareiro me entregasse numerosas medalhas milagrosas, rogando-me as distribuísse entre várias pessoas cujos nomes V-P alistara, pressentindo (julgo-o) a própria morte. Disseram-me ainda que foi ele visto em Amsterdam, no dia 26 de outubro deste ano, vagueando nas imediações do canal da Prinsengracht.
Hoje recebi a curiosíssima notícia de seu decesso. Coisa que não me surpreendeu. Avistava eu que ele andava mesmo à morte. Tampouco me admirou foi o confirmar-se, por pessoa digna de crédito, minha suspeita de que nosso V-P era apenas uma sobrevivência figurada (e anacrônica) de Jaume Debuixos Silva Font, o Camponês de Andorra, morto já, aos 12 de setembro de 1997, en un indret desconogut dos Pirineus.
Pouco mais de seis anos depois, morre-lhe assim o heterônimo. As imitações não resistem melhor à prova da experiência do que seus correspondentes originais.
Encerra-se o blog. Acabo de ler a derradeira parte da Trilogia do Camponês de Andorra ("Da última carta..."). Li-a, com renovada emoção (mas também com uma dose de humor). A todos os generosos tolerantes com o V-P recomendo que leiam essa parcela da Trilogia. O fato é que se clausura este blog, por falta (não só, mas também) do camponês que o redigia com o coração subposto a DEUS. Era, de fato, meu amigo... Sentir-lhe-ei a ausência. Era todo amigo.
(ass.) O Desembargador que vós sabeis
P.S.: Na foto acima, o canal da Prinsengracht, esquina com a Leidsestraat, em Amsterdam, onde se viu com vida, pela última vez, nosso estimado V-P. Consta que, sem êxito, pouco antes da morte, quis, vacilante (ah! o quanto não lhe custou a ocasional falta de equilíbrio e de reserva... quanto me reclamou de seus ridículos, o pobre), dirigir uma das bicicletas estacionadas no local. Não, não conseguiu trafegar. Desequilibrou-se. Foi ao solo. O pobre esquecera-se de que já andava meridiano demais para aventurar-se. Toda a queda poderia ser-lhe fatal. Morreu bem. Eticamente bem, se se permite possa eu quanto a isso opinar. Morreu sem ressentimentos, sem raivas, sem ódios, morreu como haveria de morrer um cruzado cristão, com a alegria habitual em que, sonhador, vivia qual se fora um poeta. Mas o fato é que morreu... E isso me entristece. Ponto e basta.
7 comentarios
santa -
Santa -
Bjs
Santa -
Um beijo aqui do Brasil
Santa -
Laura -
Juliana Machado -
Andrea Castro -