FOI CERTA VEZ, ALGUMA VEZ, ERA INVERNO
Volto aqui, assim o prometera, ao tema da paixão outonal. Permitam-me avistar que, na postagem pretérita (cfr. abaixo "Sobre a Paixão Outonal: Primeiros Tópicos"), adverti com todas as letras que há boas e há más paixões outonais. No que segue, o de que se trata é a circunstancial história da ausência de uma paixão de outono; em troca, refiro a nostalgia suscitada por uma canção lindíssima, cujos versos (eis o ponto) versam um amor de outono.
Era Montevidéu e era julho de 1996 (lembram-me o frio e a tristeza em que me enterrava, doído ainda da morte recente de meu pai). Reencontrei ali, na voz amorável de LAURA CANOURA (que aparece na foto acima), nosso intenso e dramático tema outonal. Ouvi-a cantar, conduzida então pela feliz regência de HUGO FATTORUSO, En este otoño, de ARMANDO MANZANERO, grande compositor mexicano (são suas, entre outras, Contigo aprendí e Somos novios).
Eis agora o poema de MANZANERO, que me faz regressar àquela invernal tristeza de 96:
"En este otoño,
cuando las hojas de mi tiempo
se amontonan,
que mi pasado y mis errores
me aprisionan,
surjes de pronto
y me construyes
otro sueño.
En este otoño,
que mis anhelos se batían en retirada,
que mis deseos se perdían
en la nada,
me haces sentir en este otoño
que del mundo yo soy dueño.
En este otoño,
cuando me hallaba recordando
primaveras,
me mantenía caminando horas enteras,
y era mi perro
compañero de mi otoño.
En este otoño,
estoy viviendo otra vez
la adolescencia,
fue el toque mágico de un beso
y tu presencia,
que bello tiempo estoy viviendo,
estoy sintiendo en este otoño...".
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